terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Poema da Distância



As coisas que sinto e as palavras que saem da boca
São como um céu com nuvens carregadas
Que sabia que precisava fazer chover
Mas passou de maneira silenciosa por esse lugar.
E as palavras certas
Como a chuva certa
Não jorram
E passam flutuando por entre a névoa dentro de mim.

Estou olhando o campo
E ao longe vejo uma árvore
Menos distante do que minha voz
Separada da minha alma.
Até a árvore posso caminhar
Sigo em linha reta pela pastagem
Mas para encontrar o que sinto
Não encontro trilha tão óbvia.

Não é um campo que me separa
Não são passos que preciso dar
A distância não pode ser medida
Não pode ser percorrida
Mas pode ser sentida.
E há um belo e profundo mundo ao redor
Pessoas, natureza, tristeza, amor
Tenho vontade de dizer o quanto gosto do que gosto
Tenho vontade de dizer o quanto me afeto pela tristeza
E por mais que tente chegar nessa ponto
A palavra sai sempre menor do que aquilo que ela representa.

Não são essas palavras aqui
Mais do que uma tentativa
De eu tentar me abrir plenamente para o que amo
De eu tentar chegar no porquê da minha angústia.
São incertas essas palavras
Tortas como esses galhos da árvore que antes eu contemplava de longe
E que agora vejo de muito perto.
Caminhei até aqui.
Pelo menos fica o testemunho escrito
Do meu caso de amor com tanta coisa nesse mundo
E da minha tristeza também (porque ela também há)
E das palavras que faltam pra eu dizer isso.

Um comentário:

  1. Muito bom, meu caro!

    Amar o todo, e a tristeza, o feio, o obscuro. Amar é viver, senão. Com paixão, com pesar, viver é amar.

    ResponderExcluir